domingo, 22 de novembro de 2009

Let's cook a newspaper?

Nos últimos meses todo mundo que me encontra pergunta sobre a queda do diplama pra jornalismo. Não aguento mais ter que sempre responder às mesmas coisa, dar as mesma explicações e também escutar as mesma piadas do tipo: "agora que não precisa ter diploma você pode escolher um curso que dê dinheiro e depois pedir emprego num jornal". Bom, meu objetivo aqui não é ficar explicando mais uma vez toda essa história, argumentando e tudo mais. Vou me limitar a postar dois textos escritos logo após a decisão do Supremo Tribunal Federal, feitos por dois companheiros de curso que escrevem muito bem. Faço minhas todas as palavras usadas por eles nesses texto, pois representam exatamente não só o meu pensamento, mas também de centenas de estudantes.

Para começar aqui vai o texto do Tiago Gebrim, escrito em 18 de junho de 2009

E agora, diploma?

Dia 17 de Junho de 2009: por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal decide que para o exercício da profissão de jornalista não se precisa de diploma universitário. (Leia aqui)

As reações estão aí. Desde ontem a frase que mais ouço é: e agora, o que vou fazer com meu diploma? Alguns dizem que vão parar a faculdade, os mais idealistas procuram fatores positivos na decisão do Supremo (Supremo Tribunal Federal), outros vão usar o diploma como lenço. Ainda há os que falaram que vão prosseguir, mas sem entender exatamente o porquê – isso tem nome, é comodismo.

Pois é, como fica minha situação? Estou estudando exatamente pra quê? Bem, antes que alguém possa responder a minha pergunta eu mesmo já o faço, com o intuito de mostrar que eu sei bem a resposta. Se não soubesse, não faria muito sentido estar ocupando uma cadeira na graduação de Jornalismo. Estou estudando porque acredito na profissão. Estou estudando porque acredito que como profissional devidamente graduado (sendo jornalista, não “estando” jornalista) eu possa fazer diferença entre os demais. Estou estudando – arrisco a dizer ainda – porque acredito que ainda haja empresas decentes no campo da comunicação.

A eliminação da obrigatoriedade do diploma não invalida o diploma. Portanto, são duas classes de profissionais: os que são jornalistas formados (tem o jornalismo como profissão, não como serviço) e os que são jornalistas por oportunidade de estarem trabalhando em uma empresa jornalística (estão jornalistas, e o deixarão de estar tão logo saiam da empresa). Sem ser utópico, mas mantendo a leva otimista de pensamento, acredito – e preciso acreditar – que empresas sérias de comunicação, que prezem pelo seu nome, pelos seus profissionais e pelo seu trabalho, optarão por jornalistas que tenham o direito de se considerarem como tais – os formados em jornalismo.

Mas antes de começarmos a fazer planos, é preciso enxergar que a decisão não descerá assim, tão fácil, pela garganta dos milhares de estudantes de jornalismo e jornalistas já em exercício. Hoje mesmo, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, já revelou estar planejando um projeto de lei para tornar obrigatório o diploma. O deputado Miro Teixeira também se posicionou a favor da elaboração de uma regulamentação específica para os jornalistas que se encaixe dentro da Constituição. Ele mostrou claramente uma posição contrária à decisão do Supremo e criticou os ministros por não levarem em conta a evolução das profissões, lembrando que antigamente também não era necessário o diploma para se advogar em um tribunal e, hoje, não só é necessário o diploma como também “uma prova duríssima na OAB”. A própria OAB, aliás, também se posicionou a favor do diploma. (Leia aqui)

Em tudo o que aconteceu, o mais duro de aceitar foram os absurdos pronunciados por Gilmar Mendes – como que o mau exercício do jornalismo não oferece perigo à sociedade. Mas o presidente do Supremo chegou ao extremo da falta de sentido quando comparou o jornalista a um cozinheiro (nada contra a profissão), dizendo que um cozinheiro pode ser formado em um bom curso de culinária, mas nem por isso toda e qualquer refeição precisa de um culinário formado. Senhor Mendes, de onde brotaram essas parvoíces?! (Leia aqui)

Ainda por cima, bateram na tecla que em vários outros países, incluindo aí muitos europeus e até a vizinha Argentina, faz-se jornalismo de qualidade e sem necessidade de diploma. De fato. Mas nesses países, as empresas têm mais compromisso ético, as punições legais são severas (ou no mínimo aplicadas) e as instituições públicas não são presididas por pessoas que confundem profissões tão distintas (em sua relevância social e atribuições) como a culinária e o jornalismo.

Não estou conformado, e à minha maneira de pensar, a melhor maneira de mostrar essa indignação e lutar contra essa decisão irresponsável é prosseguir meu caminho na faculdade de jornalismo.

Veja o texto original e os comentários aqui
Vale a pena ler os comentários feitos nesses textos.

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