domingo, 22 de novembro de 2009

Let's cook a newspaper? pt. 2

Continuando o post abaixo, esse é o segundo texto também resume magistralmente a minha opinião. Foi escrito também por uma estudante de jornalismo, a Paula Nogueira.

Hoje tem palhaçada?
Tem, sim senhor

Não demorou muito: Gilmar Mendes atacou novamente. Depois de comparar jornalistas a cozinheiros, hoje foi o dia de soltar mais algumas pérolas. Como se não bastasse a derrubada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas, Mendes indicou que isso deve acontecer com outras profissões. Ele não especificou quais, mas afirmou que a regulação só é "excepcional" quando há ameaça aos valores básicos ou à saúde, por exemplo.

A pergunta que não quer calar: o que exatamente, senhor Mendes, o senhor define como ameaça aos valores básicos? Pelo amor de deus! Vamos lá, raciocínio lógico, não é tão difícil assim. Jornalismo : comunicação social. Não é possível que o senhor não tenha idéia da dimensão da influência que a mídia causa em uma sociedade. Como toda e qualquer influência, esta pode ser, inclusive, prejudicial. E muito. Não estamos falando de um restaurante que deixou a comida vencer e esta causou intoxicação alimentar em 20 pessoas. Está em pauta um meio de alcance global.

Duvida dos riscos? Ok, Escola Base, 1994. Um grupo de seis pessoas estaria envolvido no abuso sexual de crianças. O delegado responsável pelo caso forneceu à imprensa as informações preliminares. Antes que a veracidade das denúncias fosse verificada, vários órgãos da imprensa publicaram séries de reportagens sobre o caso. No grupo estavam os donos dessa escola. No final, as denúncias não tinham qualquer fundamento e o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Diversos órgãos da imprensa foram condenados. Quanto aos acusados? Hoje sobrevivem de uma barraquinha de xerox em alguma rua de São Paulo.

A humilhação pública não tem volta. O "suspeito" deixa de ser mera hipótese e já passa a acusado quando os jornais querem - e visando o lucro e o sensacionalismo é bem fácil querer. E dizer que mau jornalismo não é uma ameça à sociedade? Pior do que matar um ser humano é destruir a sua vida enquanto as suas funções vitais ainda estão longe de ceder. Daqui a pouco, maus professores, sem qualquer formação, também não constituirão uma ameaça aos valores básicos. Afinal de contas, qualquer um consegue usar a fórmula giz + cuspe e repetir a mesma baboseira que é repetida há anos. Da mesma forma que qualquer um escreve uma notícia. Mas não com a devida competência e a (in)formação que tais atos exigem.

Se bem que nenhum argumento importa aqui. Nesses casos, só o dinheiro fala. Isso é o mínimo que podemos esperar de alguém que aceita propina para dar um habeas corpus ao Daniel Dantas. Ou que aceita propina para votar contra a cassação mais do que justa de um prefeito de uma cidadezinha no interior de Goiás. Ou que aceita propina pra... aliás, mais fácil dizer pra que o senhor não aceita. Só não tenho a resposta.


Sinceramente, senhor Mendes? Chega. Cansamos.


Veja o texto original e os comentários aqui
Vale a pena ler os comentários feitos nesses textos.

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